domingo, 21 de outubro de 2012

Canta, Ty-Etê!


CANTA, TY-ETÊ! está pronto e pode ser visto clicando na imagem abaixo:



O processo de produção deste segundo filme da série Paulicéia, e segunda obra do NUPA a ficar pronta, foi bastante feliz. Seja pelo resultado, seja pela felicidade de todo o processo de produção.


Lay-out de cena entrada motoboy
Primeiríssima decupagem 
do filme,
feita em conjunto com os alunos
durante o workshop
Aprendemos com os erros do primeiro projeto, MÁRIO DE ANDRADE e fizemos algumas correções importantes. No workshop de pré-produção do Laurent Cardon para o Mário, ele ficou muito sobrecarregado. Tinha de simultaneamente dar as aulas e produzir o projeto final de concepção visual. Foi muito estressante e ele só conseguiu chegar no produto final com tanta qualidade porque é muito competente. Para este fime distribuí melhor o pêso do trabalho da oficina. Eu mesmo dei as aulas e o Alê Abreu ficou concentrado em reunir o material dos alunos e dar a forma visual ao filme. Visão genial, diga-se de passagem. Alê é um criador de verdade, buscando no sutil as cores e as texturas. Distribuí a decupagem entre os participantes de uma maneira mais dirigida e de acordo com o talento de cada um. Contou muito o fato dos alunos terem progredido de um ano para o outro e do Alê ter participado das aulas, opinando e tomando conhecimento direto de todas as sugestões.

Lay-out de cena salto Bagre
A produção propriamente foi uma delícia. A palavra pra definir tem que ser essa: DELÍCIA.
O contato com todos os profissionais envolvidos foi sempre de prazer. Possivelmente por serem todos profissionais veteranos seguros, não precisei lidar com narcisismo ou egos inchados. Ao contrário. Desde o trabalho com o Alê, e depois com o Gil Caserta, Sandro Cleuzo e Angelo Bonito, só via o trabalho tomar forma e ficar cada vez mais encorpado, leve e firme. Como um balão. Quando o Fabio Góes incluiu a trilha final e acertamos os últimos fotogramas, o filme simplesmente saiu voando sozinho, iluminando por aí.

Lay-out de cena close Bagre

Trabalhar com o Sandro é um presente. Animou as cenas exatamente no ponto em que precisavam. Sem overacting, mas sem miséria. Na primeira cena que fez precisei indicar algumas pequenas correções para ficarmos mais próximos do design do Alê e ele aceitou sem problemas. Profissional. E depois do ajuste, praticamente não precisei fazer mais observações. Afinou o instrumento e tocou uma animação memorável. É uma pena que não possamos manter um profissional como esse no Brasil. Poucas horas depois de terminar a última cena, Sandro se despediu mais uma vez daqui e viajou para a Califórnia, onde está trabalhando com a Dreamworks. Abaixo ele fala um pouco dessa experiência. Carlos Luzzi ajudou o Sandro de forma eficiente em uma das cenas.


Lay-out de cena fuga Grafiteiros
Angelo Bonito é um conhecido de longa data. Já cruzamos nossos caminhos algumas vezes e ele está sempre melhor. Ilustrador e pintor com conhecimento vasto de todas as técnicas clássicas e das inovações digitais. Para este trabalho tivemos que nos aventurar juntos na marginal Tietê mais de uma vez. Junto com os alunos eu já tinha percorrido diversos trechos do rio, especialmente as diferentes pontes, pela necessidade do roteiro. Durante o workshop fechamos com o sistema Ulisses Guimarães, que tem uma ponte dupla e dá acesso à Rodovia dos Bandeirantes. Para completar a documentação voltei nesse ponto específico com o Angelo. Não conseguimos descer até o rio da primeira vez, porque o trânsito é muito intenso. Voltamos em um domingo ao raiar do dia e tem aqui um clipezinho marcando esse momento. Clique e cante comigo, 1...2...:


Cante comigo no Tietê

A edição final e aplicação de efeitos digitais fiz com o Gil Caserta. A única parte ruim desse trabalho foi que teve um momento que acabou e não tinhamos mais o que fazer. Gil é um pilar do projeto do NUPA. Primeiro professor a encarar os alunos quando eram muito crús e inseguros e o estúdio-escola era apertado e sem ventilação. Continua dando uma força incrível pra gente, inclusive literalmente acudindo em situações complicadas. Conseguiu até mesmo recuperar um lap-top que tinha sido roubado, usando um sistema de rastreamento que instalou na máquina. O investigador de polícia não acreditou quando a direção do CCJ Ruth Cardoso levou a investigação pronta, limpa, dobrada e cheirando amaciante, bastando recuperar o equipamento subtraído no endereço indicado, com dados e até fotos de quem estava com a máquina, tirada pela própria...

Lay-out de cena zoom in e out aérea
Sobre o trabalho com o Fabio Góes vou contar em um outro post. 

A seguir depoimentos de alguns dos participantes do projeto. A todos eles, à equipe do CCJ Ruth Cardoso, Leandro Benetti e Prof. Carlos Augusto Calil, meus sinceros agradecimentos. Vou sentir falta de vocês com o fim do NUPA. 


ALÊ ABREU (concepção visual + NUPA workshop)

Em minha contribuição para Canta, Ty-Etê! tive a oportunidade de criar o design e o story-board de um filme que não seria animado e nem dirigido por mim, focando pra valer toda a energia nestes dois importantes aspectos.
Durante oficinas que ministramos aos alunos do NUPA, pude rever, aprofundar meus conceitos sobre DESIGN voltado a animação. O mesmo ocorreu com questões relativas a decupagem.
O projeto Canta, Tyetê!  ganhou forma a partir das sugestões e do debate com os alunos do NUPA e foi realizado com uma feliz mistura de trabalho, idéias e estilos de colegas que admiro. 
O que falta para o Brasil ter uma produção de animação mais consistente?
Acho que o Brasil vive um momento histórico na animação, mas desconfio que ainda não respondemos a seguinte pergunta: O que significa fazer animação no Brasil?

Key-vision, de Alê Abreu

GIL CASERTA (animação digital)

Contribuir nesse projeto, significou, primeiramente, a oportunidade de trabalhar com pessoas que admiro profissionalmente, num ambiente de efetiva colaboração e respeito. Posteriormente, devido à minha função, o prazer em presenciar a obra se completando a cada etapa e as reações dos que assistiam pela primeira vez.
Minha formação acadêmica é em publicidade, mas trabalho no audiovisual desde o surgimento do uso dos computadores, em especial na área de animação. Desenvolvo também oficinas de técnicas básicas de stopmotion e animação para crianças e adolescentes junto a entidades culturais.

Balsa de garrafas pet,
modelagem de Gil Caserta, arte-final Angelo Bonito

ANGELO BONITO (cenários)

Pra mim foi muuiito significativo ter contribuído em Canta, Ty-Etê!! Ser convidado e considerado para completar o trabalho  dessas pessoas que participaram fez muito bem pra mim, são muito talentosas! Fiquei lisonjeado e feliz, espero ter correspondido.
Gosto bastante de animação, quem não tem uma animação de tv ou cinema que não tenha marcado na vida, acho que principalmente da minha geração?
Artista preferido? Fico com Walt Disney, seus filmes fazem parte da minha história, na adolescência ia ao cinema e assistia duas sessões seguidas, encantado.

Color script, de Angelo Bonito
Foto referência Complexo Ulisses Gumarães

RONEY FREITAS (roteirista ganhador do edital Paulicéia de roteiros com o tema Rios e Riachos de São Paulo)

Pra mim significou muito poder participar do Canta, Ty-etê! porque ele afluiu não apenas do edital Canta, Riacho!, proposto pelo NUPA/CCJ Ruth Cardoso, mas também de minha pesquisa sobre o rio Tietê para um documentário que dirigi, que estava em curso concomitantemente. Foi sincrônico. 
Este curta documentário a que me refiro é meu trabalho mais recente, ainda em finalização, e que busca questionar poeticamente: -Quando teremos os nossos rios limpos? Este é meu primeiro curta documentário e em que me envolvo mais com São Paulo, onde consigo falar melhor da minha aldeia, por onde mais me identifico e me relaciono, pelo rio.
E acho que assim como a proposta do NUPA - desde o edital que vocês lançaram até o filme finalizado - assim como o movimento que faço, há muitos que estão sensíveis a essa questão de São Paulo. Não à toa cada vez mais filmes eu vejo, movimentos engajados nessa causa, peças de teatro, notícias na imprensa. O Tietê e todos os rios que desenham nossa cidade estão cada dia mais envolvidos pelo interesse da nossa sociedade, com um desejo claro: queremos nossos rios, limpos!
Acho que esses filmes que fazemos vem com uma força muito maior portanto, como se junto às nossas ondulações, por baixo estivesse um peixe fluido pronto a erguer um salto. Em cores vivas!
"Canta, Ty-etê!" traz essa mensagem com vida, cor, música e encanto. Acho que ele deve ser passado em todos o canais e plataformas possíveis de visualização, e ser divulgado nas escolas, ser visto por crianças. Pois uma animação como essa tem a graça da comunicação universal, com todas as idades. E é essa a mensagem do rio, quem o observa e chega perto dele sabe que ele não está morto, muito pelo contrário, é muito forte estar em contato com ele. Façamos coro a esse canto, porque os rios precisam viver e a gente precisar viver os rios de São Paulo.
Obrigado pela oportunidade, pela beleza do trabalho conjunto.
E parabéns a todos os envolvidos, que o NUPA tenha vida longa, de muitas realizações de qualidade!
Story-board, de Alê Abreu


SANDRO CLEUZO (desenho animado)

Foi bastante gratificante pra mim contribuir com esta animação, pois foi a primeira vez em mais de 20 anos que  foi me oferecido participar de um projeto brasileiro e  por isso não tive dúvidas. Também foi ótimo colaborar com artistas do Brasil como o o Alê Abreu, Céu D'Ellia, Angelo Bonito e Gil Caserta, entre outros.
Se posso contar um pouco sobre o projeto em que estou colaborando agora e sobre qual minha participação nele?
Um pouco, pois já foi anunciado.  Estou animando num projeto da Dreamworks chamado Me and My Shadow, um filme híbrido que combina personagens em computacao com personagens animados em desenho a mão. Estou animando na parte desenhada a mão, mas estou treinando computação e espero poder fazer algumas cenas nas duas formas.
Se acho que o desenho animado a mão terá um novo ciclo? Ou foi mesmo enterrado pela computação gráfica? Se depender de grandes estúdios, acho que haverá muito pouco ou nada. Dependerá  dos pequenos estúdios independentes e dos artistas que amam a arte da animação feita a mão pra não morrer de vez.  Eu mesmo vou fazer de tudo pra continuar a fazer assim e já comecei o meu curta.
O que falta para o Brasil ter uma produção de animação mais consistente?
Acho que, como muitos já falaram, um maior investimento em projetos nacionais sérios, mas sem descartar co-produções com outros países, o que é feito muito na Europa e até aqui nos EUA. Acho também que os diretores de animação de longa metragem do Brasil deveriam pensar em fazer filmes que possam ser universais, podendo assim ser distribuídos em outros países.


Model de personagens, de Alê Abreu


ALEX CÓI (NUPA workshop)

Pesquisa de locação, 
pelos alunos do workshop 
(Leo Conceição, Paulo dos Santos
e Michael dos Santos):
Ponte da Anhanguera;
Atenção no Bagre!
Aprendi nas oficinas a trabalhar em grupo e estar aberto a opiniões diferentes das minhas. Gostei de produzir material em conjunto com outros artistas e escolher o que tem de melhor em todos os trabalhos com o objetivo de chegar na criação da melhor opção.
O NUPA aumentou meu repertório visual e minhas referências, minha análise sobre os filmes (de animação ou live action) como um todo. Conheci a concepção dos filmes passando pelas diversas etapas que compõe este longo processo, além de conhecer diversos animadores e diretores e alguns processos criativos bem interessantes. Certamente, uma experiência enriquecedora.
As aulas teóricas, as discussões acerca das animações, as referências históricas e a ligação disso com trabalhos desenvolvidos hoje em dia... Gostei muito dos workshops de criação de personagens, cenários e storyboard. Achei o conteúdo discutido muito relevante. Acho o ambiente do NUPA muito saudável e propicio para criação.

Estudo para Bagre-Grafite, de Paulo dos Santos


ERIC LOVRIC (NUPA workshop) 

Pesquisa de locação, 
pelos alunos do workshop:
Ponte do Estado; Vai um Bagre aí?
O NUPA me pôs em contato com pessoas que partilham dos mesmos gostos e interesses que os meus, e a quem eu dificilmente viria a conhecer de outra forma. Os workshops foram uma grande contribuição tanto para o artístico quanto para o profissional. Artisticamente porque os trabalhos a serem feitos me forçaram a refinar o meu traço. Profissionalmente porque me apresentaram formas de trabalhar que são comuns à indústria, as quais eu até então desconhecia.


MICHAEL DOS SANTOS (NUPA workshop)
Estudo Balseiro,

de Michael dos Santos

Minha visão antes do NUPA era aprender um software a mais para acrescentar no currículo, na minha busca de trabalhar com desenho e animação. Mas fui muito além disso, aprendi muita coisa. Em principal o planejamento que está presente em tudo, desde fazer um risco no papel até lidar com pessoas.
Aos poucos vou planejando minha carreira em busca de ser um profissional cada vez melhor. Trabalho com animação graças ao NUPA onde aprendi quase todos conceitos sobre animação. Criei hábito de assistir filmes alternativos, ver tipos de artes visuais variadas. Esse tipo de referência tem ajudado no meu processo artístico e criativo.
Gostei de participar dos Workshop de pré-produção e ter uma liberdade pra dar ideias e sugestões sobre filmes que estão acontecendo.

Proposta de Story-board,
de Leo Conceição

EDSON YASSUO (NUPA workshop)

Pesquisa de locação, 
pelos alunos do workshop:
Complexo Viário Ulisses Guimarães;
Finalmente encontramos o lugar 
para enfiar nosso Bagre!
A minha paixão por animação cresceu ainda mais no NUPA. Tive professores excelentes e generosos como o Gil Caserta e o Céu D'Ellia. Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente profissionais como o Fábio Yabu, Joaquim 3 Rios, Alceu Baptistão, Fabio Yamaji, e outros. Meu olhar acabou mudando e hoje tenho gosto em aprender muito mais sobre este universo da animação.
Sou muito grato ao NUPA e aos envolvidos em me proporcionar tantas coisas boas.
Com todas as palestras dos profissionais, as aulas das oficinas e workshops que participei, meu repertório aumentou muito. Participo do NUPA desde 2010, e nesse meio tempo consegui um emprego na área de motion graphics que utiliza linguagem da animação. O NUPA contribuiu e muito para minha formação profissional e artística.
Gosto bastante das aulas teóricas. Já tive aulas de animação na faculdade, mas não se compara ao conteúdo rico abordado no NUPA. Fiz amizade com artistas que compartilham dos mesmos gostos e paixões que eu. O ambiente é favorável para criarmos e nos divertirmos. Nos anos anteriores tivemos os workshops do Mario de Andrade e Canta Tietê, e ver o que discutimos em aula tomar forma e materializar é emocionante.


Estudo Garota, de Goma
GOMA (NUPA workshop) 

Além de sempre conhecer mais pessoas interessantes e interessadas no desenho, em cada oficina que participo, aprendo mais sobre a animação! Faço contatos, adquiro informação.
É preciso terem mais oficinas! A de design é muito boa, devia ter uma mais estendida!


RAFF RIBEIRO (NUPA workshop)

Estudo para Balsa de pets, Balseiro e Cão, de Raff Ribeiro
O NUPA foi o ponto de virada da minha vida. Lá que em uma palestra eu consegui meu primeiro estágio de verdade e meu primeiro trabalho com animação. Aprendi muitas coisas sobre animação, sobre os processos e sobre como olhar para uma animação de uma maneira profissional. Impossível não vincular o NUPA ao Céu, em todas as palestras aprendi um mar de coisas, coisas que até hoje estou digerindo e algumas só fazem sentido muito tempo depois. A animação e o NUPA me fizeram ser um pouco menos caótico, animação exige uma certa disciplina. Fiz umas amizades bem importantes no NUPA que espero levar pra vida.


ÉDER GIL (NUPA workshop)

Estudo para Grafiteiro, de Éder Gil
Boa parte da minha formação profissional e artística eu devo ao NUPA. Antes eu tinha vontade de estudar animação, mas achava um curso caro e fora da minha realidade. A idéia era "se um dia der eu faço". Conhecer, estudar e trabalhar no NUPA foi algo muito especial. Aprendi a animar! Antes achava que animação era só o tradicional frame a frame, INCLUINDO O CENÁRIO! Aprendi cut-out, frame a frame, misturar as técnicas, extremos, movimentos em arco, a buscar referências e várias outras coisas. 
Assisti palestras sobre grandes animadores de todo o mundo, sobre suas dificuldades para chegarem aonde estão em uma época em que era muito mais difícil de fazer animação, histórias que nos inspiram muito. Conheci grandes artistas daqui do Brasil! Artistas que eu conhecia o trabalho na TV mas, como a maioria, eu não sabia nem o nome, e escutei as suas histórias, com dificuldades parecidas com as nossas de início de carreira. Saber que eles venceram essas dificuldades é inspirador. 
O ambiente que o NUPA proporciona também é muito legal. Gosto muito de chegar lá na sala e ver cheia de gente, conversar com todos, pessoas com as mesmas afinidades, artistas, com as mesmas dificuldades e dúvidas, com estilos diferentes, com futuros promissores. E por fim, o que mais curti foi de conhecer os mestres Gil e Céu, os brothers Ana e Raff, os meus alunos, meus parceiros de aula, a galera dos outros horários, artistas que apareciam lá do nada (tipo Jonatan e o maluco dos bonecos). Acho que é isso. Ainda tem mais um monte de coisa mas eu não sei como colocar no texto, sem dizer que ficaria super cansativo de ler :)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Impressões Iludentes: o fanático



E persiste a semente de ahankara, em frondosa árvore de sombras no coração e na mente do fanático. 
Porque um fanático NUNCA se percebe como tal.

Dividindo o mundo em heróis e vilões e acreditando-se plenamente do lado do certo e do justo, incentiva o linchamento, o ódio, o saque e o ataque. 

O fanático se admira no espelho de seu mundo dualista e enxerga apenas o que quer ver. E NUNCA vê ele mesmo: fanático. 
Pois se visse, não o seria. É cego de si.

E o Herói, o verdadeiro, continua casual. Emergindo por um segundo das ondas do horror e sumindo novamente, náufrago da história. Nunca está inteiro na imagem que deixa. Vive em um mundo sem vilões desfazendo a vilania. Sua forma é só passado. Seu Amor é o presente. O futuro não lhe pertence.


Nós estavamos cobrindo outra história quando ouvimos tiros. 
Nós corremos em direção ao som e encontramos uma loja sendo saqueada.
Dois policiais haitianos atiravam de vez em quando para o ar, tentando impor a ordem, mas funcionou por
pouco tempo e os saques recomeçaram.
Estavam roubando caixas de velas. 
Um negociante americano chamado Tony que era dono de duas lojas próximas, barricou uma rua para manter
os saqueadores afastados.
Ele armou os dois policiais haitianos com armas automáticas, e eles o estavam ajudando, mas não
conseguiam controlar nada que estivesse além da barricada.
Rapidamente virou um deus-nos-acuda. Jovens lutavam uns com os outros pelos ítens roubados.
Alguns deles tinham facas, porretes, chaves-de-fenda e pedras.
Estavam usando suas armas improvisadas para ameaçar e agredir os outros que tinham algo roubado.
Os ladrões agora eram roubados.
Eu estava em meio à pancadaria com meu produtor, Charlie Moore, meu câmera, Neil Hallsworth, 
meu tradutor, Vlad Duthiers. 
E havia também um fotógrafo da Getty Images, o foto-jornalista Jonathan Torgovnik.
Quando as coisas ficaram completamente fora de controle, eu vi um saqueador no telhado de uma loja
invadida atirar na multidão o que parecia ser um bloco de concreto.
Atingiu um garoto na cabeça.
Eu vi ele tombar.
Mais pedaços de concreto eram atirados nos saqueadores no telhado.
O garoto ferido não conseguia se levantar.
Ele tentou, e caiu novamente.
Sangue vertia de sua cabeça.
Ele estava consciente, mas não tinha controle de seu corpo.
Eu fiquei com medo que alguém no telhado o visse ali e atirasse outro bloco de concreto.
Eu fiquei com medo que alguém o matasse.
Ninguém parecia se importar com ele.








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ou: Out of Renaissance via Refusés Model - A homenagem mais homenageada da história da arte? - A referência mais referida da histór...

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