quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Jenipapo Absoluto



dezinfluênciasmaisuma 2: Pintura Corporal 


Kayapó-Xikrin do Cateté


... e ainda que não possuam uma palavra para expressar essa noção, consideram a pintura corporal como um atributo da própria natureza humana. No mito da Mulher Estrela, heroína cultural responsável pela origem das plantas cultivadas, a transformação de estrela em ser humano se efetua por meio da pintura e da ornamentação corporais. E assim também o recém-nascido, após a queda do cordão umbilical, é logo em seguida, pintado de jenipapo, reconhecimento de seu status de pessoa humana.


Acima, pinturas masculinas cotidianas,
da esq a direita:

me-ã-kakei, tê-djo-iadui, ã-moy e akoy-ôk

Abaixo, pinturas masculinas para ocasiões específicas,
da esq a direita:

a-mi-kra (dedo do jacaré, fim da iniciação masculina),
djoi-mrõ-ko (fim do resguardo)
katob-ôk e me-ã-tonk (cerimonial)

... pelo menos entre os Kayapó-Xikrin, a pintura é tarefa exclusivamente das mulheres, que a transformam num verdadeiro hábito, tanto quanto qualquer outra atividade básica, como ir à roça, cozinhar e cuidar dos filhos. Todas pintam, e portanto a qualidade de pintora é considerada como atributo inerente à natureza feminina. Os homens passam tintura de carvão ou urucum na face e no corpo. Sendo uma atividade contínua, as mulheres se apresentam sempre com uma mão preta (a mão paleta) e uma mão branca (aquela que segura). Conduzem, assim, no próprio corpo, além da pintura, a marca indelével de sua condição de pintoras.


Trechos de Grafismos Indígenas de Lux Vidal, desenhos de Odilon Souza Filho

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