Foto interessante, cheia de desdobramentos.
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É o Disney Brothers Cartoon Studio, no centro de Los Angeles, em 1927. Um ano antes do lançamento do primeiro desenho animado sonoro, com um tal Mickey Mouse. A menina é Lois Hardwick, a quarta e última atriz infantil a interpretar o papel de Alice em uma série de filmes mudos que misturavam a menina real com desenhos animados. A série chamava-se Alice Comedies e originou-se de um primeiro curta, Alice's Wonderland. Remotamente inspirado nos livros de Lewis Carroll. Mas o interessante é como a história da animação dos EUA está resumida aqui. |
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Aqui estão os dois irmãos Disney, Walter Elias e Roy Oliver. Walt era o mais dominante, o artista. Mas o que seria dele sem Roy para olhar pelos negócios? Eu, que não tenho um Roy como irmão, longe disso, sei a resposta. Auxiliando a segurar a pequena Lois está o braço direito - literalmente - de Disney, Ub Iwerks. Era Ub quem fazia as animações principais e foi ele o artista que deu a primeira forma e animação a Mickey. A voz era de Walt. Disney também pariu, em 1937, o longa metragem em animação Snow White and the Seven Dwarfs. Não é o primeiro longa metragem em animação do mundo, mas é o primeiro na América e, mais importante, o primeiro que fez girar uma roda que produziu uma série de outros, até hoje. |
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Iwerks conhecia os Disney desde 1918, quando todos viviam e trabalhavam em Kansas City, Missouri. Juntou-se aos irmãos em 1922, no primeiro estúdio, que faliu. E foi com eles em 1923 para o novo estúdio, na California. Mas Iwerks trabalhava, animava os melhores filmes da companhia e Disney levava o crédito sozinho. Em 1930 Ub criou seu prórpio estúdio. Não teve muito sucesso. Em 1937 colaborou com Leon Schlesinger para algumas Looney Tunes da Warner Bros. Em 1940 voltou para a Disney. Mas para dedicar-se a efeitos visuais, esse lado menos engraçado do cinema de animação. Criou muita tecnologia essencial para o cinema e entre outras ganhou um Oscar, em 1963, pelos efeitos visuais de Os Pássaros, do diretor Alfred Hitchcock. |
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Também de Kansas City para trabalhar no recém criado Disney Brothers Cartoon Studio, vieram esses dois amigos, Rudolph Ising e Hugh Harman. No ano seguinte a esta foto os dois produziram com os próprios recursos o desenho sonoro Bosko, the Talk-Ink Kid, com uma notável, prá época, sincronização de voz e movimento dos lábios. O tal lip-sinc. O filme impressionou o produtor Leon Schlesinger, que colocou-se como agente junto à Warner Brothers. E assim nasceram as Looney Tunes e as Merrie Melodies. Mas os dois desentenderam-se com Leon em 1933 e em 1934 começaram a produzir para a MGM -Metro-Goldwyn-Mayer-, dando início ao que viria a ser o futuro estúdio controlado por Fred Quimby e que, em 1940, com criação de William Hanna e Joe Barbera, traria o primeiro filme de Tom e Jerry. |
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Alguém precisa me dizer o que tinha na água de Kansas City no final do século XIX. Outro sujeito que também veio de lá para engrossar as fileiras do então modesto estúdio Disney foi Isadore "Friz" Freleng. Freleng seguiu Harman e Ising para a Warner, mas quando os dois saltaram para a MGM, ele titubeou, mas acabou ficando com as Looney Tunes até o fechamento da unidade de animação da WB em 1963. Junto com outros diretores trouxe à luz Bugs Bunny, Porky Pig, Sylvester the cat, Tweety Bird, Yosemite Sam e Speedy Gonzales (Pernalonga, Gaguinho, Frajola, Piu-piu, Eufrasino Puxabriga e Ligeirinho, se é que estão me entendendo). E não é só, em 1964, já em seu próprio estúdio, DePatie-Freleng, criou Pink Panther (Pantera Cor-de-rosa), um dos raríssimos personagens de animação da década de 60 que vingaram. |
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E finalmente nós temos Walker Harman, irmão mais novo de Hugh Harman, de quem sei quase nada, mas que tem o chapéu mais bacana da foto, mais chinfroso e viril do que aquele que Papai Walt Disney está usando. Muito bem, Walker!
E se você quiser um dos melhores endereços para saber sobre desenho animado americano, aqui vai o site de um biógrafo, estudioso e crítico fundamental, Michael Barrier: http://www.michaelbarrier.com/index.html
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Oscar Grillo escreveu um comentário deste post no facebook. Como é pertinente, especialmente para os estudantes que acompanham meus posts, vou traduzir e colocar aqui:
ResponderEliminarOscar Grillo: Esses caras eram cineastas independentes pioneiros. Conforme o tempo passou, o fruto dos esforços deles e da criatividade de seus sonhos transformou-se em uma horrorosa produção monopolista.
E eu repliquei:
Totalmente verdade. Horrorosa produção monopolista igual kitsch.
Mas tem sempre alguns novos pioneiros independentes brigando, até mesmo dentro da máquina. Você não acha? Talvez Bakshi, por exemplo.
Você conhece The External World de David O'reilly e The Pig Farmer de Nick Cross?
Muito legal! Aguardava por esse post faz tempo! Vou mostrar esse post pro pessoal do trabalho, seria um desperdício de informação valiosa não divulgar
ResponderEliminarAos poucos vou postar todo o resto, estudos dos diretores da WB e mais.
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